ENXERGAVA TUDO PRETO, PONTILHADO COMO SE TIVESSE CAIDO EM UM APARELHO FORA DO AR, CHAPISCADO CALEIDOSCÓPIO NEGRO DE VERÃO. SENTADA NO BARCO CONTINUEI IMÓVEL DE CORPO, POR QUE A MENTE TINHA A VORAZ ÂNSIA DE ESCREVER QUALQUER COISA, QUALQUER LINHA ABSURDA, DESNUDA, AGUDA , FELPUDA, CASACUDA, LÍRICA, TESUDA, CARNUDA, DUVIDOSA, ASQUEROSA, SEI LÁ...

domingo, 31 de agosto de 2008

ALIGÁTORS IN CONCERT

Diretamente do FOR ALL JAZZ FESTIVAL...

ALIGÁTORS SIDE-SCENES



AGORA NO DIA-A-DIA
(INTIMAMENTE)

ÁGUA NEGRA °° 1/22 1 ELEMENTO


Num sábado qualquer, que pra chover só faltava cair água, o horizonte com um negrume desconcertante. No céu uma escuridão aquosa de umidade que estava molhando até mesmo por baixo da roupa.  Nesse dia macabrinho, aconteceu uma coisa muito estranha; fui ao banheiro, antes do forró começar e quando abri a torneira “ESSA NÃO!”, por um segundo arrazoei ter acabado a água. De repente, começou a descer pela torneira aberta um líquido gosmento, denso feito piche: “ui... que nojo!” Rapidamente desliguei o fluxo ergh e fui avisar o perturbador acontecimento. Qualquer pessoa entenderia o adiamento evento, mas Ian testou as demais torneiras e nada havia de errado. Somente aquela, daquele banheiro, exatamente o banheiro cuja água servia para encher o lago dos jacarés “Seria um castigo?” Era como se houvesse um refluxo da água, ao invés da corrente pura e cristalina ir, voltava uma torrente abominável: “o laguinho”. Fomos dar uma olhada e tudo parecia absolutamente normal; o lago continuava no mesmo nível intacto e os répteis imóveis, invariáveis.

Regia Vitória Beija o Sapo

ÁGUA NEGRA xiiiiiii °° 2 elemento
A solução foi pregar na porta do banheiro: “INTERDITADO”, e a noite correu muito bem, casa cheia, tudo sobre controle. No dia seguinte, Ian chamou seu sócio para ajudá-lo a dar um jeito no problema. O homem sugeriu que fossem olhar a caixa d’água. Os dois subiram na laje da casa, abriram-na e nada constataram. De fato, tinha um lodo que crescia gradativamente em sua parede, como se isso não fosse tão comum. E acredito que em todos os reservatórios de água do mundo inteiro são cultivados musgos, talvez, em alguns casos já tenham brotado briófitas evoluídas desses musgos, capazes de enegrecer qualquer diâmetro de fibra. Mesmo sabendo disso, os homens paranóicos chamaram um limpador de caixas d’água, de gordura, de passagem, de pandora – brincadeira – não pude me conter em fazer esta associação com este trabalho medonho.

ÊLAIAH LAIAH ÊLAIAH LAIAH....LALALALALALALALA

ÁGUA NEGRA veja °°° 2 elemento x 3

O desleixado trabalhador só apareceu duas semanas depois do chamado. O homem jovem tinha um aspecto esquisito, assim meio abobalhado. Mas a impaciência prevaleceu à dúvida. Os sócios estavam indóceis, principalmente Ian, porque ele queria desfilar na escola “To descendo de ladinho”, e o carnaval seria em poucos dias. A escola de samba ficava na cidade natal de Ian, interior de Limetê. Por isso ordenou ao garoto que agilizasse o processo e acabasse logo com esse sofrimento, pois ele queria pular carnaval.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

em alguma Caixa d` Água


ÁGUA NEGRA °° quase 2 elemento

Enquanto Ian e o sócio ocupavam-se de outros afazeres, o limpador de caixas se viu sozinho no terraço. Então aproveitou o momento para puxar um fuminho, daqueles “boldinho”. Logo chapadinho, começou seu trabalhinho. Retirou a tampa de fibra e assombrou-se com a parede, estava praticamente lisa. “Isso é impossível!” Havia somente alguns musgos tímidos, subdesenvolvidos. Nunca lhe acontece nada; mas um dia... O homem confuso ficou até encabulado, pois nunca enfrentara uma caixa d’água tão limpa. Por um segundo, foi incapaz de saber por onde começar. Sabia que precisaria arrumar um jeito de otimizar seu tempo, o qual de forma alguma poderia ser muito curto ou então desvalorizaria seu trabalho, há muito desvalorizado.
Lembrou-se das vezes que por raiva dos patrões removera o lodo do jeito que são feitas as coisas sem capricho. Antes de começar o procedimento, ao olhar novamente a parede concluiu aliviado: “Nunca fui tão bem tratado”. A não ser naquelas vezes em sua infância nas quais sua tia deleitava-se por acariciá-lo dentro da caixa d’água. Pensou ter escolhido esse trabalho tão indesejado devido a sua nostalgia pungente e necessária à vida, porque devia ser bom também em outras situações, vai saber.   

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

OLHo do CÃo


ÁGUA NEGRA °° 1/2 3 elemento

A cabeça a mil, fazia uma coisa de cada vez de maneira tão minuciosa, mais parecia estar ouvindo música erudita e coreografando um balé. Imerso na esquisitice, sentiu seu leal expectador: Camilo. Parecia estar tomando conta, alerta, não arredou a pata dali um minuto. Na primeira impressão o trabalhador sentiu-se um pouco desconfortável, porque remetia à mesma sensação de estar sendo observado que experimentara com sua tia quando criança. E ele não gostava de violão nem de nada que coloca saudade na gente, mas num lapso de segundo, aquilo lhe proporcionou um prazer genuinamente insonhável de palpitações.  

Lord. Inglês e sua esposa desalmada


ÁGUA NEGRA °° 3 elemento


Avistou o ganso no centro da laje. O animal garboso dava-lhe as costas para receber sua admiração. Começou achar a pomposa criatura até jeitosinha: “Minha tia era assim igual branca de neve”. Não se conteve e pegou a chamar Camilo: “Psi psi vem cá bichano vem, não vou te fazer mal”. O ganso acostumado com todo tipo de gente foi na melhor das intenções. O homem suspendeu o animal até a altura do peito e fez um carinho malicioso em sua cabeça de anatomia e maciez esplêndidas. No ímpeto do alvoroço, colocou o bicho dentro da caixa d’água, que há esta hora já estava quase cheia com a água bombeada do poço, comum nas casas antigas da região. Camilo parecia muito feliz com aquele banho inusitado, também não era para menos, o relógio marcava meio-dia de um sol escaldante no apogeu do verão. O racional e o irracional entrelaçados naquela situação envolvente se identificaram e se completaram. Sustentavam-se em sua incessante alegria. Espécie de sonho, novos aumentos de amor.  

sábado, 23 de agosto de 2008

A marcha reta

ÁGUA NEGRA °°° 4 elemento


Subitamente, o homem acordou de seu sonho delicioso quando ouviu um ruído vindo da escada que dava para laje "alguém, ai meu Deus!" Jogou o pobre ganso dentro da caixa d’água e com impressionante rapidez fechou a tampa. Ian subia para perguntar se estava tudo bem, se ele precisava de alguma coisa; água, café talvez. Ele trêmulo respondeu não e disse já ter terminado. Falou passando em marcha reta por Ian até a escada, a fim de descer o mais rápido possível, os ombros retraídos como se estivesse com vergonha do olhar do outro, no caso seu patrão. O que até justificaria seu andar de olhos pregados no chão – atitude de subserviência. O patrão, por sua vez, nada percebeu, afinal, desde a hora da chegada do rapaz já o tinha achado um tanto maluquinho, mas inofensivo. No portão, o valor acertado foi de cinquenta reais. Diária justa para quem aproveitou tão bem o serviço. O cara estava montado em sua bicicleta pronto para zarpar, quando Ian perguntou se ele, por acaso, não tinha visto um ganso: "FUDEU!" pensou aflito e respondeu “não não não” com a cabeça pimbauzando e a cara mais lavada do mundo, mesmo sentindo dentro do estômago uma torrente de sangue lhe subindo à garganta feito um soco bem dado. Assim, pulou na bicicleta e pedalou como nunca antes. Enquanto pedalava, lembrara-se da vez em que ele e a tia foram surpreendidos. A danada fez a mesma coisa com ele. Repetia em seu íntimo "Cruel desgraçado". Naquele dia, ele teve muito mais chances, porque a bendita tia deixara a tampa aberta e, além do mais, ele possuía mãos que foram capazes de se agarrar silenciosas. Pois a última cena que viu da tia foi de seu rosto como num close, o dedo indicador à frente dos lábios entreabertos em um voluptuoso biquinho. Aquela cena congelou em sua memória e durante incontáveis noites lhe surgia a fim de atazanar seu sono. O rapaz no vão do mundo pensou em se arrepender, suspender caminho... mas para seguir o viver comum, desistiu sabendo que agora viria assombrar-lhe toda noite uma outra desgraçada visão.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

o que aconteceu? antes do banhinho



ÁGUA NEGRA °4/ 45 elemento


Depois que o desmantelado rapaz tomou o rumo de casa, Ian sem titubear foi para o bloco – To descendo de ladinho. Na euforia de pula-pula do carnaval, dessas de entusiasmar adultos e crianças, o homem animado esqueceu-se de tudo e todos. Regressava dois dias depois um bagaço de cansado, inútil, foi direto para cama revigorar a carcaça. 

quinta-feira, 14 de agosto de 2008






Peço aos meus caros e baratos leitores humildes desculpas, porque tive que ir à cidade onde nasceu o filho de DUES, ops... Deus! Sim. fui a Belém, Belém do Pará. Chegou no Pará, parou! Tomou açai, ficou
Este era o lema. essa era a verdade verdadeira. Agora que EU retorno a minha terra natal. Não porque nasceu Jesus, mas porque EU sou daki. Retorno a minha potência, retorno a àgua negra